A criatividade é assunto de reflexão de alguns cientistas e
escritores como Vygotsky, Dostoievski, Damásio, Leo Szilard e Jonas Salk
. Em sua obra “Criação e imaginação”, Vygotsky afirma que é a atividade
criadora que faz do homem um ser que se volta para o futuro, erigindo-o
e modificando o seu presente. Para esse psicólogo e educador, a criação
é a condição necessária da existência e tudo que ultrapassa os limites
da rotina deve sua origem ao processo de criação do homem e que a obra
de arte reúne emoções contraditórias, provoca um sentimento estético,
tornando-se uma técnica social do sentimento.
Para Dostoievski a necessidade de criar nem sempre coincide com as
possibilidades de criação e disso surge um sentimento penoso de que a
idéia não foi para a palavra.
Já Antonio Damásio, em seu livro O Erro de Descartes diz que criar
consiste não em fazer combinações inúteis, mas em efetuar aquelas que
são úteis e constituem apenas uma pequena minoria. Para esse
neurocientista, inventar é discernir, escolher. Aponta idéias idênticas
às suas quando apresenta, em seu livro, afirmações feitas por Leo
Szilard e Jonas Salk. Szilard: “O cientista criador tem muito em comum
com o artista e o poeta. O pensamento lógico e a capacidade analítica
são atributos necessários a um cientista, mas estão longe de ser
suficientes para o trabalho criativo. Aqueles palpites na ciência que
conduziram a grandes avanços tecnológicos não foram logicamente
derivados de conhecimento preexistente: os processos criativos em que se
baseia o progresso da ciência atuam no nível do subconsciente”. Jonas
Salk defende que a criatividade assenta numa ”fusão da intuição e da
razão”. Criatividade é, portanto, para mim, a capacidade humana de
escolher algumas dentre as várias possibilidades preexistentes e
mesclá-las, criando algo inusitado.
A criatividade é considerada uma capacidade humana de grande valor
universal, tudo indica que nesta competência reside a memória "RAM"
biológica para o impulso da evolução humana. A memória RAM segundo
Cury,(2009) é o fenómeno dos registos da memória. O que melhor descreve a
criatividade é o que Sanchez (2003) referiu em seus apontamentos a
criatividade é uma sublime dimensão da condição humana. É entretanto na
capacidade criativa, que existe a chave da capacidade de evolução da
humanidade. O mérito da expressão criativa é fruto da "complexidade" ou
seja é fruto do contexto social no seu desenvolvimento natural e humano.
É muito interessante contemplar os efeitos provenientes deste
constructo a considerar a capacidade de um indivíduo criativo construir e
reconstruir, transformando a nossa realidade. É consensual e
gratificante, perceber que todos temos a capacidade criativa, deve é ser
melhor desenvolvida.
Tipos
Pode-se classificá-la segundo o lugar de origem e a forma como se
manifesta. Um exemplo de classificação por lugar de origem é a seguinte:
- Criatividade individual: é a forma criativa expressa por um indivíduo
- Criatividade coletiva ou de grupo ou criatividade em equipe: forma criativa expressa por uma organização, equipe ou grupo. Surge geralmente da interação de um grupo com o seu exterior ou de interações dentro do próprio grupo e tem como objetivo principal otimizar ou criar produtos, serviços e processos.Na organização moderna a "criatividade em equipe" é o caminho mais curto e mais rápido para modernização e atualização de seus diversos métodos de gestão e de produção.
História
Na antiguidade, sob o ponto de vista da filosofia, a criatividade era
vista, como parte da natureza humana, um dom divino, um “estado místico
de receptividade a algum tipo de mensagem proveniente de entidades
divinas.”(Alencar, 2001,p.15). Havia também a concepção que associava a
criatividade à loucura, considerando as manifestações criativas como um
ato impensado, que serviria de compensação aos desajustes e conflitos.
Potencial criativo
Acredita-se que o potencial criativo
humano tenha início na infância. Quando as crianças têm suas
iniciativas criativas elogiadas e incentivadas pelos pais, tendem a ser
adultos ousados, propensos a agir de forma inovadora. O inverso também
parece ser verdadeiro.
Quando as pessoas sabem que suas ações serão valorizadas, tendem a criar mais. O medo do novo, o apego aos paradigmas são formas de consolidar o status quo.
Quando sentem que não estão sob ameaça (de perder o emprego ou de cair
no ridículo, por exemplo), as pessoas perdem o medo de inovar e revelam
suas habilidades criativas.
Algumas pessoas acreditam que ver a criatividade como habilidade
passível de desenvolvimento é um grande passo para o desenvolvimento
humano, enquanto outras têm a visão de que a criatividade é uma
habilidade inata, ligada a fatores genético/hereditários e, portanto,
determinista.
Certas pessoas também admitem que a criatividade não tem necessariamente ligação com o quociente de inteligência (QI), que ela tem mais afinidade com motivação do que com inteligência.
Outras pessoas, por outro lado, confirmam uma forte correlação entre QI
e potencial criativo, especialmente para QIs abaixo de 120 e com uma
correlação positiva leve acima de QI 120.
Processo criativo
Durante o processo criativo, frequentemente distinguem-se os seguintes estágios:
- Percepção do problema. É o primeiro passo no processo criativo e envolve o "sentir" do problema ou desafio.
- Teorização do problema. Depois da observação do problema, o próximo passo é convertê-lo em um modelo teórico ou mental.
- Considerar/ver a solução. Este passo caracteriza-se geralmente pelo súbito insight da solução; é o impacto do tipo "eureka!". Muitos destes momentos surgem após o estudo exaustivo do problema.
- Produzir a solução. A última fase é converter a idéia mental em idéia prática. É considerada a parte mais difícil, no estilo "1% de inspiração e 99% de transpiração".
- Produzir a solução em equipe. Fase comum que ocorre nas empresas e organizações quando precisam, tanto diagnosticar ou superar um problema quanto otimizar ou inovar produtos, serviços e processos. Ancoram-se, para tal dinâmica, no conhecido sistema do brainstorming.
Importância da criatividade nas organizações de Ensino
Criar só é possível quando o cérebro detém uma grandiosa e alargada
variedade de conhecimentos e informações, fazendo com que as associações
de ideias, ocorram de uma forma mais fluida e direcionada. Essas
associações permitirão alcançar as ideias e conceitos novos, de uma
forma única e original. Porém, para que o processo criativo nas
organizações, nomeadamente nas Instituições de Ensino Superior, seja
eficaz e eficiente, torna-se necessário e decisivo a aceitação por parte
das mesmas, das suas ideias e da liberdade de expressão no meio em que
se executam.
O processo criativo refere-se a algo atendido por outras pessoas, e
que se harmonize com as expectativas e valores de um determinado grupo
de indivíduos. Somente desta forma, será visto como algo importante e
decisivo, num mercado produtivo e evolutivo, que possa vender a ideia ou
mesmo solucionar situações complicadas e / ou expandir novos produtos
ou serviços. Cada vez mais o setor do Ensino está mais criativo e
inovador, no que diz respeito à diversidade de cursos, cada vez mais
adaptados ao mercado de trabalho.
O setor do Ensino Superior, não foge à regra no que respeita à
criatividade, pelo fato de, devido ao constante desenvolvimento do
mercado, ser imperativo, uma adaptação, o mais expansiva possível,
atendendo às constantes mutações existentes.
Forma de expressão
- Arte e cultura. O mundo da arte e da cultura é preeminentemente um mundo da criatividade, porque o artista não está diretamente ligado às convenções, dogmas e instituições da sociedade. O artista tem uma expressão criativa que é resultado direto de sua liberdade.
- Pesquisa e desenvolvimento. Para produtos resultantes de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, o critério criativo é a patente deste produto. São geralmente três os pré-requisitos de uma patente: a) novidade; b) inventividade e c) aplicação prática.
- Humor (comédia)
Medição
Foram propostas várias tentativas de desenvolver um quociente de criatividade de uma forma análoga ao quociente de inteligência.
Porém, a maior parte dos critérios de medição da criatividade depende
do julgamento pessoal do examinador e por isso é difícil estabelecer um
padrão de medição
Criatividade em equipe: um produto.
Criatividade é arma de combate na conquista da sobrevivência dos seres vivos.
Na escala animal da natureza, as conquistas ocorrem através de
ajustes e aprimoramentos a cada espécie viva, de acordo com os
princípios da seleção natural descobertos por Darwin.
Na escala humana, as conquistas ocorrem dentro da História, não
apenas sócio-econômica, mas, sobretudo, industrial e tecnológica com seu
processo fantasioso e delirante de avanço.
O homem, através de sua criatividade, aperfeiçoa, melhora e inova os
fundamentos de sua sobrevivência: da alimentação natural aos produtos
transgênicos, da tanga à moda do vestuário, das infusões chamânicas à
medicina moderna, da oca à casa decorada e eletrônica. No lazer, nos
transportes ou na educação, a vida humana é um exercício contínuo de criatividade, pulsão viva em sua História.
O exercício da criatividade dentro da História impele a todos, por competitividade, a incrementar seu potencial criativo, adquirindo consciência deste fenômeno e adquirindo novas ferramentas de criatividade que o impulsionem, discutidas na obra "Criatividade em Equipe".
Capítulos teorizam sobre este ferramental, - carpintaria da "criatividade em equipe" - em linha com o brainstorming
-, a partir de ambiências onde tal exercício é essencial: da empresa
com suas disputas de poder e busca de crescimento, às escolas de samba,
cuja diversão e jogo liberam pulsão criativa à construção de um
espetáculo único e inigualável, ópera de um dia só.
Identificando a própria criatividade como um produto em si('ars gratia artis', do latim,'a arte pela arte'), proposta inovadora, agrega-lhe leis de mercado que, por regerem relações de produção, facilitam o entendimento da “criatividade em equipe” e a gestão de suas técnicas.
Ancorando-a em leis de mercado, uma dialética da produção, desmistifica sua aura de genialidade
ou de difícil acesso às pessoas comuns, instalando-a no dia-a-dia da
empresa, da escola, ou de qualquer ambiente empreendedor, integrado por
pessoas voltadas à otimização de produtos, serviços e processos, num
modelo de gestão conduzido pela “criatividade em equipe”, sua pedra angular.
Gerir e participar do processo de “criatividade em equipe” é a
proposta do Autor*, com ampla e frutuosa experiência no dia-a-dia
empresarial, - onde atua - na busca da otimização de produtos, serviços e
processos, bem como na humanização do trabalho, inda que sujeito à
competitividade natural da espécie humana, que assim se aprimora e se
recria continuamente em sua História, espaço-tempo próprio em contínua
expansão, expansão justamente desta criatividade, projeto humano por
excelência para aprimorar o mundo em que vivemos.
(*Extraído do Prefácio de "Criatividade em Equipe e suas leis de marketing" - Vídeo-texto de Paulo Guilherme Hostin Sämy)
Como ampliar o potencial criativo
É plenamente possível fazer com que uma pessoa se torne mais
criativa. Os principais resultados criativos não advêm de exercícios
mentais que prometem aumentar o potencial de criação dos indivíduos de
forma isolada, a exemplo de exercícios mentais com CDs ou fórmulas
mirabolantes que apregoam sete ou oito lições para aprimorar a
criatividade.
A criatividade humana se revela a partir de associações e combinações inovadoras
de planos, modelos, sentimentos, experiências e fatos. O que realmente
funciona é propiciar oportunidades e incentivar os indivíduos a buscar
novas experiências, testar hipóteses e, principalmente, a estabelecer novas formas de diálogos,
sobretudo, com pessoas de outras formações, tipos de experiências e
cultura. Alguns indivíduos altamente criativos já apresentam
naturalmente esse padrão de comportamento curioso, investigativo,
voltado à experimentação, à inovação
e à busca persistente de pequenas e grandes nuances, seja em suas áreas
de interesse ou em terrenos nem tão familiares, envolvendo outras
culturas, tecnologias, idiomas, etc. São pessoas que intuitivamente
fazem o melhor exercício possível para o cérebro ao investir, de maneira
consistente, no aprendizado e no estímulo a diferentes capacidades
cognitivas e sensoriais.
Em suma, embora seja impossível modificar algumas características
essenciais das pessoas, podemos incentivar comportamentos, estilo de
vida e formas de interação com o mundo que permitam o desenvolvimento de
novos padrões cognitivos e facultem aos indivíduos oportunidades
de geração de insights criativos. O mais importante, no entanto, está
no fato de que, no contexto organizacional, o que vale mesmo é a
capacidade criativa coletiva.
Aumentar a criatividade é exercitar o pensamento!
Referência: Artigo "É possível se tornar uma pessoa mais criativa?", de José Cláudio C. Terra.
Criatividade e inovação
Os conceitos criatividade e inovação são indissociáveis, no entanto
não são sinónimos. Os autores Duaibili & Simonsen Jr. distinguem-os
afirmando que “A criatividade é a faísca, a inovação é a mistura gasosa.
A primeira dura um pequeno instante, a segunda perdura e realiza-se no
tempo. É a diferença entre inspiração e transpiração, a descoberta e o
trabalho”. Normalmente a criatividade é um processo individual, nasce da
ideia que surgiu na cabeça de alguém, enquanto a inovação é um processo
colectivo, que deve ser trabalhado em grupo e conduz colectivamente a
uma mudança de percepção. Por isso se diz que determinada pessoa é
criativa e a empresa “xyz” é inovadora. (De Brabandere). Não existe
inovação sem criatividade, pois a inovação é a aplicação prática da
criatividade, ou seja uma ideia resultante de um processo criativo, só
passará a ser considerada uma inovação, caso seja realmente aplicada,
caso contrário é considerada apenas uma invenção. Citando Larry Hirst
(um dos antigos Chairman da IBM) “Invenção é transformar dinheiro em
ideias, inovação é transformar ideias em dinheiro”. Inovação tem pois
este carácter de concretização, que só assim poderá gerar criação de
valor. O conceito de criatividade é aplicável fora do contexto
empresarial, podendo ser utilizado para caracterizar por exemplo os
indivíduos na sua esfera não profissional